Contos Africanos: A menina que não falava
Certo dia, um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela. Como se queria casar com ela, no outro dia, foi ter com os pais da rapariga para tratar do assunto.
__ Essa nossa filha não fala. Caso consigas fazê-la falar, podes casar com ela, responderam os pais da rapariga.
O rapaz aproximou-se da menina e começou a fazer-lhe várias perguntas, a contar coisas engraçadas, bem como a insultá-la, mas a miúda não chegou a rir e não pronunciou uma só palavra. O rapaz desistiu e foi-se embora.
Após este rapaz, seguiram-se outros pretendentes, alguns com muita fortuna mas, ninguém conseguiu fazê-la falar.
O último pretendente era um rapaz sujo, pobre e insignificante. Apareceu junto dos pais da rapariga dizendo que queria casar com ela, ao que os pais responderam:
__ Se já várias pessoas apresentáveis e com muito dinheiro não conseguiram fazê-la falar, tu é que vais conseguir? Nem penses nisso!
O rapaz insistiu e pediu que o deixassem tentar a sorte. Por fim, os pais acederam.
O rapaz pediu à rapariga para irem à sua machamba, para esta o ajudar a sachar. A machamba estava carregada de muito milho e amendoim e o rapaz começou a sachá-los.
Depois de muito trabalho, a menina ao ver que o rapaz estava a acabar com os seus produtos, perguntou-lhe:
__ O que estás a fazer?
O rapaz começou a rir e, por fim, disse para regressarem a casa para junto dos pais dela e acabarem de uma vez com a questão.
Quando aí chegaram, o rapaz contou o que se tinha passado na machamba. A questão foi discutida pelos anciãos da aldeia e organizou-se um grande casamento.
http://www.terravista.pt/Bilene/4619/Conto10.html
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sexta-feira, 26 de agosto de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
Frase Nelson Mandela
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."
Nelson Mandela.
Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."
Nelson Mandela.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Ainda Baobá
Original da África, o Baobá é uma das árvores mais antigas da terra. Conhecido nos meios científicos com o nome de Adansonia Digitata, o baobá, quando adulto, é considerada a árvore que tem o tronco mais grosso do mundo, chegando em alguns casos, a medir 20 metros de diâmetro. São árvores seculares, testemunhas vivas da história, que chegam até aos 6.000 anos de idade.
Esse colosso vegetal pode atingir trinta metros de altura e possui a capacidade de armazenar, em seu caule gigante, até 120.000 litros de água. Por tal razão é denominada "árvore garrafa". No Senegal, o baobá é sagrado, sendo utilizado como fonte de inspiração para lendas, ritos e poesias. Segundo uma antiga lenda africana, se um morto for sepultado dentro de um baobá, sua alma irá viver enquanto a planta existir. E o baobá tem uma vida muito longa: vive entre um e seis mil anos.
Uma das principais curiosidades a respeito dessa árvore tão especial é que seu tronco é oco. Muitas lendas africanas procuram explicar esse fenômeno, mas esta que vou compartilhar com vocês é a melhor de todas, no meu entendimento, porque propõe comparar a árvore aos nossos sentimentos. Em sala de aula, vale dramatizar a história, fazer vozes e sons diferentes e principalmente, curtir muito essa maravilhosa lenda!
O coração do baobá
No coração da África, havia uma extensa planície. E no centro dessa planície, erguia-se uma alta e frondosa árvore. Era o baobá.
Um dia, embaixo do sol escaldante do meio-dia africano, corria pela planície um coelhinho, que, exausto, suado, quando viu o baobá, correu a abrigar-se à sua sombra. E ali, protegido pela árvore, ele se sentiu tão bem, tão reconfortado, que olhando para cima não pôde deixar de dizer:
- Que sombra acolhedora e amiga você tem, baobá! Muito obrigado!
O baobá, que não costumava receber palavras de agradecimento, ficou tão reconhecido, que fez balançar os seus galhos e tremular suas folhinhas, como numa dança de alegria.
O coelho, percebendo a reação da árvore, quis aproveitar-se um pouquinho da situação e disse assim: - É, realmente sua sombra é muito boa.... Mas e esses seus frutos que eu estou vendo lá em cima? Não me parecem assim grande coisa...
O baobá, picado no seu amor próprio, caiu na armadilha. E soltou, lá de cima de seus galhos, um belo e redondo fruto, que rolou pelo capim, perto do coelhinho. Este, mais do que depressa, farejou o fruto e o devorou, pois ele era delicioso. Saciado, voltou para a sombra da árvore, agradecendo:
- Bem, sua sombra é muito boa, seu fruto também é da melhor qualidade. Mas... e o seu coração, baobá? Será ele doce como seu fruto ou duro e seco como sua casca?
O baobá, ouvindo aquilo, deixou-se invadir por uma emoção que há muito tempo não sentia. Mostrar o seu coração? Ah... Como ele queria... Mas era tão difícil... Por outro lado, o coelhinho havia se mostrado tão terno, tão amigo... E assim, hesitante, hesitando, o baobá foi lentamente abrindo o seu tronco. Foi abrindo, abrindo, até formar uma fenda, por onde o coelho pôde ver, extasiado, um tesouro de moedas, pedras e joias preciosas, um tesouro magnífico, que o baobá ofereceu a seu amigo. Maravilhado, o coelho pegou algumas joias e saiu agradecendo:
- Muito obrigado, bela árvore! Jamais vou te esquecer!
E chegando à sua casa, encontrou sua esposa, a coelha, a quem presenteou com as joias. A coelha, mais do que depressa, enfeitou-se toda com anéis, colares e braceletes e saiu para se exibir para suas amigas. A primeira que ela encontrou foi a hiena, que, assaltada pela inveja, quis logo saber onde ela havia conseguido joias tão faiscantes. A coelha lhe disse que nada sabia, mas que fosse falar com seu marido. A hiena não perdeu tempo: foi ter com o coelho, que lhe contou o que havia acontecido.
No dia seguinte, exatamente ao meio-dia, corria a hiena pela planície e repetia passo a passo tudo o que o coelho lhe havia contado. Foi deitar-se à sombra do baobá, elogiou-lhe a sombra, pediu-lhe um fruto, elogiou-lhe o fruto e finalmente pediu para ver-lhe o coração.
O baobá, a quem o coelhinho na véspera havia tornado mais confiante e mais generoso, dessa vez nem hesitou. Foi abrindo o seu tronco, foi abrindo, bem devagarinho, saboreando cada minutinho de entrega. Mas a hiena, impaciente, pulou com suas garras no tronco do baobá, gritando:
- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar! Ande! Eu quero todo esse tesouro para mim, eu quero tudo, entendeu?
O baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco, deixando a hiena de fora a uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia. E por mais que ela arranhasse a árvore, ela nada conseguiu.
A partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro. Mal sabe ela que esse tesouro só existe enquanto o coração é vivo e bate forte.
Quanto ao baobá, nunca mais ele se abriu. A ferida que ele sofreu é invisível, mas dificilmente curável. O coração dos homens se parece com o do baobá. Por que ele se abre tão medrosamente quando ele se abre? Por que às vezes ele nem se abre? De que hiena será que ele se recorda?
FIM
Esse colosso vegetal pode atingir trinta metros de altura e possui a capacidade de armazenar, em seu caule gigante, até 120.000 litros de água. Por tal razão é denominada "árvore garrafa". No Senegal, o baobá é sagrado, sendo utilizado como fonte de inspiração para lendas, ritos e poesias. Segundo uma antiga lenda africana, se um morto for sepultado dentro de um baobá, sua alma irá viver enquanto a planta existir. E o baobá tem uma vida muito longa: vive entre um e seis mil anos.
Uma das principais curiosidades a respeito dessa árvore tão especial é que seu tronco é oco. Muitas lendas africanas procuram explicar esse fenômeno, mas esta que vou compartilhar com vocês é a melhor de todas, no meu entendimento, porque propõe comparar a árvore aos nossos sentimentos. Em sala de aula, vale dramatizar a história, fazer vozes e sons diferentes e principalmente, curtir muito essa maravilhosa lenda!
O coração do baobá
No coração da África, havia uma extensa planície. E no centro dessa planície, erguia-se uma alta e frondosa árvore. Era o baobá.
Um dia, embaixo do sol escaldante do meio-dia africano, corria pela planície um coelhinho, que, exausto, suado, quando viu o baobá, correu a abrigar-se à sua sombra. E ali, protegido pela árvore, ele se sentiu tão bem, tão reconfortado, que olhando para cima não pôde deixar de dizer:
- Que sombra acolhedora e amiga você tem, baobá! Muito obrigado!
O baobá, que não costumava receber palavras de agradecimento, ficou tão reconhecido, que fez balançar os seus galhos e tremular suas folhinhas, como numa dança de alegria.
O coelho, percebendo a reação da árvore, quis aproveitar-se um pouquinho da situação e disse assim: - É, realmente sua sombra é muito boa.... Mas e esses seus frutos que eu estou vendo lá em cima? Não me parecem assim grande coisa...
O baobá, picado no seu amor próprio, caiu na armadilha. E soltou, lá de cima de seus galhos, um belo e redondo fruto, que rolou pelo capim, perto do coelhinho. Este, mais do que depressa, farejou o fruto e o devorou, pois ele era delicioso. Saciado, voltou para a sombra da árvore, agradecendo:
- Bem, sua sombra é muito boa, seu fruto também é da melhor qualidade. Mas... e o seu coração, baobá? Será ele doce como seu fruto ou duro e seco como sua casca?
O baobá, ouvindo aquilo, deixou-se invadir por uma emoção que há muito tempo não sentia. Mostrar o seu coração? Ah... Como ele queria... Mas era tão difícil... Por outro lado, o coelhinho havia se mostrado tão terno, tão amigo... E assim, hesitante, hesitando, o baobá foi lentamente abrindo o seu tronco. Foi abrindo, abrindo, até formar uma fenda, por onde o coelho pôde ver, extasiado, um tesouro de moedas, pedras e joias preciosas, um tesouro magnífico, que o baobá ofereceu a seu amigo. Maravilhado, o coelho pegou algumas joias e saiu agradecendo:
- Muito obrigado, bela árvore! Jamais vou te esquecer!
E chegando à sua casa, encontrou sua esposa, a coelha, a quem presenteou com as joias. A coelha, mais do que depressa, enfeitou-se toda com anéis, colares e braceletes e saiu para se exibir para suas amigas. A primeira que ela encontrou foi a hiena, que, assaltada pela inveja, quis logo saber onde ela havia conseguido joias tão faiscantes. A coelha lhe disse que nada sabia, mas que fosse falar com seu marido. A hiena não perdeu tempo: foi ter com o coelho, que lhe contou o que havia acontecido.
No dia seguinte, exatamente ao meio-dia, corria a hiena pela planície e repetia passo a passo tudo o que o coelho lhe havia contado. Foi deitar-se à sombra do baobá, elogiou-lhe a sombra, pediu-lhe um fruto, elogiou-lhe o fruto e finalmente pediu para ver-lhe o coração.
O baobá, a quem o coelhinho na véspera havia tornado mais confiante e mais generoso, dessa vez nem hesitou. Foi abrindo o seu tronco, foi abrindo, bem devagarinho, saboreando cada minutinho de entrega. Mas a hiena, impaciente, pulou com suas garras no tronco do baobá, gritando:
- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar! Ande! Eu quero todo esse tesouro para mim, eu quero tudo, entendeu?
O baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco, deixando a hiena de fora a uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia. E por mais que ela arranhasse a árvore, ela nada conseguiu.
A partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro. Mal sabe ela que esse tesouro só existe enquanto o coração é vivo e bate forte.
Quanto ao baobá, nunca mais ele se abriu. A ferida que ele sofreu é invisível, mas dificilmente curável. O coração dos homens se parece com o do baobá. Por que ele se abre tão medrosamente quando ele se abre? Por que às vezes ele nem se abre? De que hiena será que ele se recorda?
FIM
domingo, 26 de junho de 2011
O tesouro do Baobá
O Tesouro do Baobá
Num dia de grande calor, um lebrão parou à sombra de um baobá, sentou-se na erva e, contemplando ao longe a restolhada sob o vento a soprar, sentiu-se infinitamente bem. «Baobá», pensou ele, «como é leve e fresca a tua sombra ao braseiro do meio-dia!» Levantou o focinho para os ramos poderosos. As folhas estremeceram, felizes, devido aos pensamentos simpáticos que se lhes dirigiam. O lebrão riu-se, vendo-as contentes. Ficou calado por uns instantes e depois, piscando o olho e batendo com a língua, tomado de malícia jovial, disse:
— A tua sombra é boa, é claro, seguramente melhor do que o teu fruto. Não quero maldizer, mas o que me pende sobre a cabeça tem todo o ar de um odre de água morna.
O baobá, despeitado de ouvir assim duvidar dos seus sabores depois do elogio que lhe abrira a alma, entrou no jogo. Deixou cair o fruto num tufo de erva. O lebrão farejou-o, provou-o, achou-o delicioso. Depois devorou-o, lambeu o focinho e balançou a cabeça. A grande árvore, impaciente por ouvir o seu veredicto, susteve a respiração.
— O teu fruto é bom — admitiu o lebrão.
Depois sorriu, retomou a alegria impertinente e acrescentou:
— Seguramente é melhor do que o teu coração. Perdoa-me a franqueza: o coração que bate em ti parece-me mais duro do que uma pedra.
O baobá, ouvindo estas palavras, sentiu-se invadido por uma emoção que jamais experimentara. Oferecer a este pequeno ser as suas belezas mais secretas, Deus do céu, era seu desejo, mas, assim de repente, que medo tinha de as descobrir! Lentamente entreabriu a casca. Então apareceram colares de pérolas, panos bordados, sandálias finas, jóias de ouro. Todas estas maravilhas que enchiam o coração do baobá escorreram em profusão diante do lebrão, cujo
focinho tremeu e cujos olhos se arregalaram.
— Obrigado, obrigado. És a melhor e a mais bela árvore do mundo — disse ele, rindo como uma criança satisfeita e apanhando febrilmente o magnífico tesouro.
Voltou a casa com as costas dobradas por todos esses bens. A mulher acolheu-o, pulando de alegria. Aliviou-o depressa de tão belo fardo, vestiu panos e sandálias, ornou o pescoço de jóias e saiu para o mato, impaciente de ser admirada pelas companheiras.
Encontrou uma hiena. Esse cadáver, ofuscado pelas invejáveis riquezas que passavam por si, foi imediatamente à toca do lebrão e perguntou-lhe onde tinha encontrado aqueles ornamentos soberbos com que se vestia a esposa. O outro contou-lhe o que tinha dito e feito à sombra do baobá.
A hiena correu para lá com os olhos inflamados, ávida dos mesmos bens. Jogou o mesmo jogo. O baobá, que a alegria do lebrão tinha verdadeiramente rejubilado, de novo se agradou de dar a sua frescura, depois a música da sua folhagem e o sabor do seu fruto, finalmente a beleza do seu coração.
Mas, quando a casca se abriu, a hiena atirou-se às maravilhosas oferendas como sobre uma presa e, escavando com unhas e dentes as profundezas da velha árvore para dela ainda arrancar mais coisas, pôs-se a resmungar:
— E nas tuas entranhas o que há? Também quero devorar as tuas entranhas! Quero tudo o que tens até às tuas raízes! Quero tudo, ouves?
O baobá, ferido, dilacerado, tomado de medo, guardou os seus tesouros, e a hiena, insatisfeita e furiosa, voltou de mãos vazias para a floresta. Desde esse dia que procura desesperadamente oferendas ilusórias nos animais mortos que encontra, sem nunca ouvir a brisa singela que acalma o espírito. Quanto ao baobá, já não abre a ninguém o seu coração. Tem medo. É preciso compreendê-lo: o mal que lhe fizeram é invisível, mas incurável.
Em verdade, o coração dos homens é semelhante ao desta árvore prodigiosa: cheio de riquezas e benefícios. Porque se abrirá tão pouco, quando se abre? De que hiena se lembrará?
Num dia de grande calor, um lebrão parou à sombra de um baobá, sentou-se na erva e, contemplando ao longe a restolhada sob o vento a soprar, sentiu-se infinitamente bem. «Baobá», pensou ele, «como é leve e fresca a tua sombra ao braseiro do meio-dia!» Levantou o focinho para os ramos poderosos. As folhas estremeceram, felizes, devido aos pensamentos simpáticos que se lhes dirigiam. O lebrão riu-se, vendo-as contentes. Ficou calado por uns instantes e depois, piscando o olho e batendo com a língua, tomado de malícia jovial, disse:
— A tua sombra é boa, é claro, seguramente melhor do que o teu fruto. Não quero maldizer, mas o que me pende sobre a cabeça tem todo o ar de um odre de água morna.
O baobá, despeitado de ouvir assim duvidar dos seus sabores depois do elogio que lhe abrira a alma, entrou no jogo. Deixou cair o fruto num tufo de erva. O lebrão farejou-o, provou-o, achou-o delicioso. Depois devorou-o, lambeu o focinho e balançou a cabeça. A grande árvore, impaciente por ouvir o seu veredicto, susteve a respiração.
— O teu fruto é bom — admitiu o lebrão.
Depois sorriu, retomou a alegria impertinente e acrescentou:
— Seguramente é melhor do que o teu coração. Perdoa-me a franqueza: o coração que bate em ti parece-me mais duro do que uma pedra.
O baobá, ouvindo estas palavras, sentiu-se invadido por uma emoção que jamais experimentara. Oferecer a este pequeno ser as suas belezas mais secretas, Deus do céu, era seu desejo, mas, assim de repente, que medo tinha de as descobrir! Lentamente entreabriu a casca. Então apareceram colares de pérolas, panos bordados, sandálias finas, jóias de ouro. Todas estas maravilhas que enchiam o coração do baobá escorreram em profusão diante do lebrão, cujo
focinho tremeu e cujos olhos se arregalaram.
— Obrigado, obrigado. És a melhor e a mais bela árvore do mundo — disse ele, rindo como uma criança satisfeita e apanhando febrilmente o magnífico tesouro.
Voltou a casa com as costas dobradas por todos esses bens. A mulher acolheu-o, pulando de alegria. Aliviou-o depressa de tão belo fardo, vestiu panos e sandálias, ornou o pescoço de jóias e saiu para o mato, impaciente de ser admirada pelas companheiras.
Encontrou uma hiena. Esse cadáver, ofuscado pelas invejáveis riquezas que passavam por si, foi imediatamente à toca do lebrão e perguntou-lhe onde tinha encontrado aqueles ornamentos soberbos com que se vestia a esposa. O outro contou-lhe o que tinha dito e feito à sombra do baobá.
A hiena correu para lá com os olhos inflamados, ávida dos mesmos bens. Jogou o mesmo jogo. O baobá, que a alegria do lebrão tinha verdadeiramente rejubilado, de novo se agradou de dar a sua frescura, depois a música da sua folhagem e o sabor do seu fruto, finalmente a beleza do seu coração.
Mas, quando a casca se abriu, a hiena atirou-se às maravilhosas oferendas como sobre uma presa e, escavando com unhas e dentes as profundezas da velha árvore para dela ainda arrancar mais coisas, pôs-se a resmungar:
— E nas tuas entranhas o que há? Também quero devorar as tuas entranhas! Quero tudo o que tens até às tuas raízes! Quero tudo, ouves?
O baobá, ferido, dilacerado, tomado de medo, guardou os seus tesouros, e a hiena, insatisfeita e furiosa, voltou de mãos vazias para a floresta. Desde esse dia que procura desesperadamente oferendas ilusórias nos animais mortos que encontra, sem nunca ouvir a brisa singela que acalma o espírito. Quanto ao baobá, já não abre a ninguém o seu coração. Tem medo. É preciso compreendê-lo: o mal que lhe fizeram é invisível, mas incurável.
Em verdade, o coração dos homens é semelhante ao desta árvore prodigiosa: cheio de riquezas e benefícios. Porque se abrirá tão pouco, quando se abre? De que hiena se lembrará?
Riqueza Ocultas do Continente Africano
As riquezas ocultas do continente africano
A África é responsável por 20% das terras existentes no mundo. Pergunta-se: por que é o continente mais pobre do mundo?
O Baobá, árvore que ostenta a paisagem africana, entre contos e verdades, pode viver até seis mil anos, traz além de lendas, uma beleza interrogativa. Esta árvore, símbolo do continente africano, é apenas um capítulo do livro “Baobá – Cenas e fatos de África”, que foi lançado no auditório do Campus da Liberdade, em Redenção, que ficou pequeno com os mais de cem alunos disputando espaço, e fez parte do circuito cultural inaugural da Unilab.
A África é responsável por 20% das terras existentes no mundo. Pergunta-se: por que é o continente mais pobre do mundo?
O Baobá, árvore que ostenta a paisagem africana, entre contos e verdades, pode viver até seis mil anos, traz além de lendas, uma beleza interrogativa. Esta árvore, símbolo do continente africano, é apenas um capítulo do livro “Baobá – Cenas e fatos de África”, que foi lançado no auditório do Campus da Liberdade, em Redenção, que ficou pequeno com os mais de cem alunos disputando espaço, e fez parte do circuito cultural inaugural da Unilab.
Trecho sobre os Baobás do livro "O Pequeno Príncipe"
O PEQUENO PRÍNCIPE: O DRAMA DOS BAOBÁS – capítulo V
“...Pois bruscamente o principezinho me interrogou, tomado de grave dúvida:
- É verdade que os carneiros comem arbustos? - Sim. É verdade. - Ah! Que bom!
- Por conseguinte eles comem também os baobás?
Fiz notar ao principezinho que os baobás não são arbustos, mas árvores grandes como igrejas. E que mesmo que ele levasse consigo todo um rebanho de elefantes, eles não chegariam a dar cabo de um único baobá.
...Ora, havia sementes terríveis no planeta do principezinho: as sementes de baobá… O solo do planeta estava enfestado. E um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele. Atravanca todo o planeta. Perfura-o com suas raízes. E se o planeta é pequeno e os baobás numerosos, o planeta acaba rachando.“É uma questão de disciplina, me disse mais tarde o principezinho. Quando a gente acaba a toalete da manhã, começa a fazer com cuidado a toalete do planeta. É preciso que a gente se conforme em arrancar regularmente os baobás logo que se distingam das roseiras, com as quais muito se parecem quando pequenos. É um trabalho sem graça, mas de fácil execução.”
Trecho do Livro: O Pequeno Príncipe de Antoine Saint Exupéry- Ed. Agir
“...Pois bruscamente o principezinho me interrogou, tomado de grave dúvida:
- É verdade que os carneiros comem arbustos? - Sim. É verdade. - Ah! Que bom!
- Por conseguinte eles comem também os baobás?
Fiz notar ao principezinho que os baobás não são arbustos, mas árvores grandes como igrejas. E que mesmo que ele levasse consigo todo um rebanho de elefantes, eles não chegariam a dar cabo de um único baobá.
...Ora, havia sementes terríveis no planeta do principezinho: as sementes de baobá… O solo do planeta estava enfestado. E um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele. Atravanca todo o planeta. Perfura-o com suas raízes. E se o planeta é pequeno e os baobás numerosos, o planeta acaba rachando.“É uma questão de disciplina, me disse mais tarde o principezinho. Quando a gente acaba a toalete da manhã, começa a fazer com cuidado a toalete do planeta. É preciso que a gente se conforme em arrancar regularmente os baobás logo que se distingam das roseiras, com as quais muito se parecem quando pequenos. É um trabalho sem graça, mas de fácil execução.”
Trecho do Livro: O Pequeno Príncipe de Antoine Saint Exupéry- Ed. Agir
Sobre o Baobá
Os baobás, embondeiros, imbondeiros ou calabaceiras (Adansonia) são um gênero de árvore com oito espécies, nativas da ilha de Madagascar (o maior centro de diversidade, com seis espécies), do continente africano e da Austrália (com uma espécie em cada).
O baobá é a árvore nacional de Madagascar e o emblema nacional do Senegal.
O baobá é a árvore nacional de Madagascar e o emblema nacional do Senegal.
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